sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Sem choro, sem fé, sem poesia


Com licença, não quero lhe incomodar. Só quero roubar alguns minutos do seu tempo. Por favor, feche a porta e leia apenas com os olhos. Os outros não precisam saber. Apenas você. Não acenda a luz. A claridade do abajur basta.

Cansei de pegar o violão e compor as mesmas rimas. Todos os versos foram para o lixo. Eu queria que as lembranças fossem junto, mas não. Estão aqui. Vivas, me matando. Você foi meu tudo, eu fui seu nada. A maré me levou para longe, porém não me afogou. Queria que tudo terminasse ali, contudo o destino me vetou esse direito.

Por mais algumas semanas, essa tortura foi me consumindo mais e mais. Esse teto de vidro quebrou e me cortou em mil pedaços. A primeira rachadura foi você quem causou. Está tudo vermelho e com um gosto peculiar de lágrimas misturadas com sangue. Perdoe-me, não é drama, não é banalidade. É a realidade que você faz questão de fugir.

Dizem que se há sombra, há luz. Sua sombra me persegue até quando me deito no meu leito. Mergulhei na escuridão que fui me refugiar. Lá, não havia você. Não havia luz. Descobri que a luz era só uma ilusão para confortar os corações mais frágeis. E nesse cenário fúnebre digo adeus a você. Digo adeus às lembranças. Digo adeus à dor. Digo adeus às mentiras. Não preciso viver com isso mais. Sem choro, sem fé, sem poesia. Au revoir.

. . .

Chegue mais perto, pegue esta taça de vinho. Estou lhe propondo um brinde à sua indiferença. Aquele coração não bate mais por você. Não bate por mais ninguém. Congelou-se, petrificou-se. Tomemos apenas um gole, não precisa se preocupar. Ela foi embora. Está procurando alguém que a ajude a ressuscitar o significado da felicidade. E reviverá.
 
 

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