quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Suposições

Ele tinha várias manias. A maior delas era a de complicar o perfeito. Ele era apaixonado por complexidades. Gostava de bagunçar o impecável. Ocupava a maior parte do seu tempo procurando insatisfações. Passava os dias tentando convencer-se de que sua vida não tinha sentido algum. Essa era sua maior tolice, porque a brisa sempre soprava a seu favor, mas ele fazia questão de caminhar contra o vento. Ele era um caçador de descontentamentos.

Tinha um vício incomum. Privava-se de tudo: do amor, da harmonia, da compaixão, da satisfação. Não optava pelos caminhos simples. O mais trabalhoso sempre lhe chamou mais atenção. Todavia, nunca quis se ferir, se maltratar. Este era um ato inconsciente e persistente.

Também tinha seus otimismos que se opunham aos pessimismos. Sempre reservava algumas horas de suas noites para observar o céu. Fazia questão de ter os seus minutos com a natureza e com sua imaginação. Escolhia a hora em que a rua não estava movimentada para sentar-se na calçada e admirar as estrelas. Só conseguia ver todo aquele brilho por causa da escuridão. Consigo, era o mesmo caso.

Até que se deu conta de que seu destino dependia do poder de sua mente. Era difícil ter algum pensamento positivo em meio à tantas teorias da conspiração que já criara. Nunca pensava em si mesmo – o egoísmo era só uma máscara. Colecionava suposições sobre o pensamento dos outros que fazem parte da sua história. Talvez pelo ócio, talvez pela mania de se privar. Ele fazia parte dos que pensavam, não dos que sentiam. E se não fosse por isso, ele não seria um bom contador de histórias. Narrar suas mudanças constantes era mais do que um passatempo – era sua sina.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Alice

Alice exalava uma falsa tranquilidade. Ela era como um vulcão prestes a entrar em erupção. Mas tudo era guardado para si mesma. Passava horas, no seu quarto apertado, chorando e escrevendo versos livres nos seus rascunhos. Sua cama de solteiro era pequena demais para tanta dor. Difícil era poder confiar em alguém e contar seus descontentamentos. Porém, algum dia, alguém teria que saber de tudo aquilo que já passara. Esse dia não demorou a chegar. 
Certo dia, fora tomar um ar livre. Era estranho para Alice estar ali depois de tantos anos. Seus pais costumavam levá-la àquele bosque quando ela era pequena. Antigamente ela ia para se divertir. Hoje, ela vai para pensar. O refúgio era encontrado naquele lugar repleto de araucárias e as outras vegetações sulistas.
Estranho mesmo é ela ter ido até lá em plena terça-feira. Mas era proposital, ela estava cansada das pessoas que a rodeavam. Sempre eram as mesmas, com as mesmas misérias, com as mesmas ignorâncias, os mesmos julgamentos. O que ela precisava era de novos rumos. Ela queria sentir a liberdade que tanto foi privada à ela. E parecia estar longe de ser alcançada. 
Na parte central do bosque, havia um lago imenso. Era a coisa mais bonita que já vira. Sentou-se na margem daquelas águas e começou a pensar. Não era tão fácil assim. Poucas pessoas estavam ao seu lado, mas nem elas sabiam o que fazer. O apoio daqueles que ela mais precisa, é o que a faltava. Era isso que a deixava pior. E o desespero parecia não ter fim. 
A superfície daquelas águas refletiam uma pessoa totalmente diferente daquela de anos atrás. O seu rosto não era o mesmo. Os seus cabelos não eram como antes. O seu olhar carregava um mistério quase indecifrável. Alice não se reconheceu naquele reflexo. Estava perdida entre a insanidade e a lucidez. 
Seu exterior forte contrastava com o seu interior fragilizado. Passar meses forçando um “está tudo bem” a enfraquecia mais. O orgulho sempre fez com ela resolvesse seus próprios problemas. Estava num capítulo que sequer tinha chegado na metade. Seus sentimentos e pensamentos a aprisionavam. O seu silêncio gritava várias dúvidas. Era difícil não encontrar resposta alguma. 
Pegou-se, de repente, chorando mais uma vez. Suas lágrimas salgadas se misturavam com a água doce do lago. Seus sonhos e esperanças eram mínimos. Mal via a hora de acordar daquele pesadelo. Mal via a hora de chegar em casa e encontrar a mobília no lugar, a vida no lugar. O relógio não podia contar essa hora. 
Depois de algumas horas, as lágrimas de Alice não eram as únicas coisas que caíam sobre o lago. Uma nuvem carregada estava parada naquele lugar e os pingos de uma chuva fina começaram a produzir oscilações na superfície. Alice não se importava se estava molhando. Estava ciente de que a chuva tem a magia de trazer a inspiração, as liberdades e os sentimentos mais puros do ser humano. 
A chuva cessou em instantes. “Era só uma nuvem passageira, como a minha dor”, pensou em voz alta. A esperança falava por ela. Sentiu-se mais madura. Respirou fundo e voltou para casa, sem olhar para trás, sem medo de viver a vida.

domingo, 19 de agosto de 2012

Sete chaves

I
Era meia-noite. Ele estava no quarto, preso aos seus pensamentos. Lembrou-se que há pouco tempo atrás lhe faltava algo. Sentia-se sozinho. Mas o outono chegou, e com ele as surpresas. Encontrava-se dividido, pensando qual estrada ele deveria seguir. 

II
Talvez os sentimentos não são interpretáveis. São dois lados, muitos personagens compõem essa história. O começo do livro estava perfeito demais. As páginas dos conflitos pareciam estar rasgadas; inexistentes. Pareciam. Não estavam. 

III
É um conto de fadas invertido, onde o final feliz vem primeiro, depois os conflitos. Não se sabe como essa história vai acabar. 

IV
Amor, ódio, angústia, pressão. Tudo estava na mesma cena. O livro virou filme. Neste não havia diretor. Não havia heróis, nem vilões. Eram as atitudes que mandavam ali. 

V
Não é um livro. Não é um filme. É a vida. 

VI
O andar do relógio tocou três da manhã. Sua cabeça estava um turbilhão. Tinha que usar a razão, pois todos ali acolheram a emoção. Andou pelo quarto e o som dos seus passos despertou-lhe o seguinte pensamento: 

"É mais fácil saber o que se passa pela cabeça do que ouvir o que fala o coração, mas nem sempre o melhor caminho é o mais fácil."

VII
O sono lhe venceu. Ficar acordado seria inútil. Os pensamentos ajudam, mas confundem. Dormindo ele pode sonhar na vida que sempre quis. Talvez pode se tornar realidade. Quando acordar, saberá que ainda restam seis peças no tabuleiro. Quer dar o xeque-mate. Quer ser feliz.

Maio de 2011.

sábado, 18 de agosto de 2012

Incertezas

Tem algo aqui que me incomoda. Um nó na garganta, uma amargura. A inquietação tomou conta de mim. Tenho que falar – ninguém precisa ouvir. Só preciso extravasar. É engraçado quando alguém te desperta a atenção. Entre dezenas de pessoas, você só quer aquela. Querer algo inalcançável, quase impossível. 
Às vezes, penso que estou num labirinto sem saída. O meu lado emocional está em constante luta com o meu lado racional. E todos me levam ao nada. O estúpido ato de pensar. Pensar em você. O estúpido ato de sentir. Sentir o inexplicável. 
Até que eu correria atrás, mas você não faz nada para me guiar. Eu só quero um pouco de atenção. É angustiante vigiar o celular, esperando uma mensagem banal, e nada chegar. Também fico perdido, olhando para longe, pensando no que está do lado de lá. 
Quero buscar algo que me falta, mas tenho medo do que está no meu caminho. E do que estará lá quando eu chegar. É por isso que estou aqui, parado. Quero me entregar, mas não tenho motivos. Seria melhor me arrepender do que fizesse ou daquilo que eu não fizesse? Contudo, fiz. Ou melhor: escrevi. E você não leu. 
O meu vazio é cheio de incertezas. Minhas dúvidas me perturbam quando a noite cai. A vida já me machucou bastante e as cicatrizes ainda são recentes. Essa é a causa de eu ter decidido ficar aqui. Aqui parece ser mais seguro. Porém, não preciso de segurança, preciso de atenção.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Lar

Todos acordavam com o badalar dos sinos da igreja daquela cidade centenária. O clima seco da região e algumas pessoas de lá deixavam o ar pesado. Ver os dias passarem e não ter nada para fazer era desanimador. Mesmo com casas de muros baixos, muitos não se sentiam livres. E com motivos. 
As ruas eram cheias de mentes vazias. As crianças eram criadas como se vivessem longe do individualismo. Os jovens ignoravam o conservadorismo. Os mais velhos, por sua vez, iam à paróquia todos os domingos para rezarem suas hipocrisias. Porém, todos concordavam que os sonhos, as esperanças e a liberdade se encontravam bem longe dali. 
Todos na cidade conversavam entre si. Mas não se conheciam. Pareciam estranhos e mais distantes à medida que o tempo passava. Era habitual caminhar pela rua e ver alguém que já foi tão próximo e não poder trocar palavra alguma. E doído fingir que aquilo não importava. As relações eram feitas pelo acaso e destruídas pelo descaso. 
Não é a cidade perfeita para se morar. Sobretudo, foi ali que cresci e vivi. Minha história começou ali. Momentos tristes e os mais felizes aconteceram ali. Minhas primeiras amizades são dali. As pessoas que mais se preocupam comigo e que querem o meu bem são dali. Sendo assim, aquele é o único lugar que eu posso chamar de lar.

domingo, 12 de agosto de 2012

Insônia

Fazia horas que ele estava ali, revirando na cama. O quarto não estava completamente escuro  – as luzes  dos postes da rua atravessavam a cortina fina. Não conseguia dormir. O peso da sua consciência não deixava.
Sentou-se na beirada da cama e colocou as mãos no rosto. Neste momento, ele percebeu que agiu de maneira fria e infantil. Ninguém nunca o convenceu de que suas atitudes foram erradas. Mas ele não tinha culpa, não sabia amar. Não estava arrependido, porém já passava da hora de admitir os seus erros.
Pensou naquela moça que dormia tranquilamente do outro lado da cidade. Foi ela que, um dia, foi incapaz de dormir sem pensar nele. Foi ela quem ouviu todas aquelas promessas em vão. Começou a imaginar quantas lágrimas ela derramou por causa daquele falso afeto. E todos sabiam quem foi o causador de tanta dor. Ele.
O rapaz conformou-se de que ela aprendeu a viver sem ele. Não era mais o personagem principal da história daquela sonhadora. Ele queria pedir perdão, mas era tarde demais. Talvez ela já estivesse com outro que a fazia feliz – coisa que não fizera.
Seria uma trégua do destino se ele pudesse encontrá-la para dizer tudo o que tinha reconhecido. Não queria que ela o amasse novamente, apenas queria mostrar a ela o quanto amadureceu. Soube enfrentar o modo de encarar a verdade.
E quando mal se deu conta, já havia conseguido dormir.

sábado, 11 de agosto de 2012

Confissões de um dezembro qualquer

Costumo ser duro comigo mesmo. Nego sentimentos, tenho medo de me entregar. É uma forma inútil de autoproteção, uma maneira de sofrer com os meus pensamentos. Eu sei que não vou mudar. É tão difícil falar: lembrar de tudo, ouvir gritos desesperados de sentimentos que foram reprimidos. Eles não são os mesmos, agora são apenas lembranças: só querem me mostrar que foram sentidos, porém ignorados. A única alternativa é deixar isso pra lá e esperar que eles voltem. Sempre voltarão. Como agora.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Complicações

Era uma manhã ensolarada de domingo. Já passara a primeira metade do século XX. A estação rodoviária daquela cidade pacata estava agitada. O relógio de pulso de Flávio marcava quinze para as onze. Ele era mais um jovem que foi dedicar seus estudos de Direito na capital. Sua família já tinha se despedido e partido da estação. Com ele, só estava Lívia. Tratava-se de mais um romance adolescente. Um romance tímido, daqueles que só é preciso de um sinal, de um gesto, de uma frase. 
As pessoas já começavam a entrar no ônibus que ia em direção ao Rio. A plataforma estava tomada pelo cheiro da fumaça liberada pelo escapamento do ônibus. Foram longos minutos de trocas de olhares, até que Lívia disse: 
– Eu sei que é tarde demais para falar o que eu sinto por ti. Mas tudo é tão complicado aqui dentro. Tudo é tão complicado em você. Insegurança não é desculpa, pois sempre soubemos o que sentimos um pelo outro. 
Flávio ficou em silêncio. Um silêncio conformativo. Era verdade tudo o que acabara de ouvir. A abraçou e segundo depois, roubou-lhe um beijo – o primeiro e último que eles tiveram. 
Foi um momento muito curto, porém o mais esperado. Flávio abraçou Lívia mais uma vez e se despediu. Lívia o viu entrar no ônibus. Ficou ali até que este desaparecesse de vista. E se foi. 
Um mês depois, Lívia recebeu uma carta de Flávio. Bateu os olhos rapidamente naquelas palavras e foi direto na parte que mais lhe interessava: 
“(...) Em todo lugar, fico pensando como seria se eu tivesse feito o que eu queria, sem que minha insegurança não tivesse me proibido. Talvez eu não estivesse como agora   ansioso, esperando por estar perto de você. Mas tudo bem, posso fingir que sou paciente, que vou saber esperar com calma. O jeito é parar de pensar no que eu deveria ter feito e começar a pensar no que farei (...)”. 
Não dizia muita coisa, era apenas uma forma de dizer que ele a amava. Lívia compreendeu. Mas ela não se iludiu. Ela sabia das possibilidades de Flávio se apaixonar por outra garota no Rio de Janeiro. Mas nada se sabe sobre o que acontecerá no dia seguinte. O destino prega peças e ainda faltavam muitos meses para as férias. Com aquela carta na mão, decidiu deixar as coisas fluírem. Nada melhor que dar tempo ao tempo.

domingo, 5 de agosto de 2012

Fuga

Tomado pela melancolia, costumava ir à uma praça perto de casa para alimentar as pombas. Era uma tarefa banal, porém, uma forma de me ocupar – fugir um pouco da realidade. 
Sempre me sentava num banco que ficava perto de uma palmeira. Esta era a preferida das aves. Gostava de ouvir os sons que elas emitiam, então jogava aquelas migalhas. Não sabia o porquê, mas era uma satisfação enorme fazer aquilo. 
Ali perto, funcionava uma pequena escola. Quando o sinal disparava, as pombas voavam para longe. Sendo assim, não me restava outra alternativa a não ser observar os alunos saindo aliviados com o fim do dia letivo. 
Eram assim todos os dias em que eu ia àquela pracinha. Até que certa vez reparei uma garota. Ela aparentava ter uns dezesseis anos. Tinha cabelos castanhos presos, boca sem cor e um olhar carregado. Despertara minha atenção. Caminhava meio desengonçada com a sua mochila nas costas – deveria estar pesada. A adolescente sempre estava sozinha. Por que estava só? 
Percebi que ela se sentia vazia. Não tinha ninguém. Aqueles olhos cor de mel imploravam por amparo. Eu não conhecia sua história, contudo era angustiante olhar para alguém tão jovem e que já carregava tanta tristeza sobre os seus frágeis ombros. Sua dor me incomodava. Eu sabia como poderia ajudá-la. 
Fazia frio na manhã seguinte. Um vento gélido anunciava chuva. Fui à praça e me sentei no banco de sempre, aguardando o sinal tocar. Tocou. Assim que vi a garota se aproximar, retirei um manuscrito  – feito numa folha de caderno – do meu bolso. 
Não houve troca de palavras. Gesticulei para que ela parasse e entreguei o papel dobrado. Abriu e começou a ler. Leu para si mesma – tão baixo que não deu para ouvir a sua voz: 
“Muitas pessoas vivem assim, encontrando alguma forma de preencher o vazio existencial. Mas tudo melhora com pequenas atitudes. Uma nova maneira de encarar o dia, abrir os olhos ao acordar e perceber que a vida é curta demais para ser regida pela tristeza. A solidão é um refúgio que se transforma em desespero. Esqueça todas as mágoas, pois é de amor que precisamos. Opte pela felicidade.”
Assim que terminou, uma lágrima escorregou pelo seu rosto. “Sempre existirá alguém para transformar as coisas mais simples da vida em um sorriso teu”, eu disse. A garota enxugou o rosto com a manga da blusa de frio. Deu um sorriso – o mais lindo que já vi –, agradecendo. E seguiu em frente.

sábado, 4 de agosto de 2012

Três da manhã

Eram dois ingênuos quando se tratava de amor. Ela, uma colecionadora de ilusões. Ele, um pessimista. Em todos os lugares, ela procurava maneiras de lembrá-lo. Ele vivia no seu mundinho, a sós com os seus conflitos. Ele se apaixonou por aquelas palavras. Ela não sabia interpretar o que sentia, só queria ter alguém para manter-se longe da solidão. Não era amor: era uma aventura.
Ambos tinham que seguir em frente. Acabou. Tinham feito a melhor escolha. Ele encontrará um caminho, talvez o mais distante. Ela continuará a colecionar suas ilusões. Nada tão surpreso.
A chuva engrossava e entrava um vento frio pela janela. Terminou a frase e resolveu dormir, inseguro sobre o que sonharia naquela noite.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Nostalgia

Era um final de tarde qualquer. O tédio fazia parte dos meus dias. Caminhar pelo meu quarto, pensando inutilmente, era rotineiro. Olhei para a janela e vi o ipê florido. Estranho, era inverno e não fazia frio. Parecia primavera, por mais que ainda faltavam alguns meses para setembro chegar. Indagar seria perca de tempo, não se questiona a natureza. Então resolvi ir para o jardim, pensar sobre a vida.
Sentei-me sobre o gramado. Analisei um pouco as flores que minha mãe plantara. Azaleias, rosas e hortênsias transmitiam a paz que a natureza pode oferecer. Senti-me profundamente bem. O vento soprava suavemente naquela tarde solitária, até que me lembrei do que me chamou a atenção ali: o Ipê. Suas flores roxas caíam sobre a grama verde. Comecei a pensar sobre o amor.
Pensamentos súbitos sobre esse sentimento passaram pela minha cabeça. Nada complexo. Refleti sobre meus casos do passado. Não só os meus, mas sim os de todos que são próximos a mim. 
Quando o amor é novo e doce, a gente não enxerga os defeitos. Coloca a pessoa num pedestal. Tudo o que a gente escreve, é pensando em quem amamos. E quantas vezes todos nós nos questionamos se somos suficientes? O tempo todo. 
A gente deposita todo o nosso amor na pessoa, sendo que a maior parte desse amor deveria ser guardada para nós mesmos. Mais importante do que o amor entre dois seres, só o amor próprio. E é isso que falta quando estamos apaixonados.
Porém os meses (ou os anos) passam. Chega a hora em que se percebe que a pessoa não ficará o tempo todo ao seu lado. O mundo parece desabar. Músicas depressivas são consolos. O que foi feito com aquele sentimento perfeito? Com o amante perfeito? Agora começamos a concluir que os defeitos prevalecem sobre as qualidades que tanto exaltávamos. Hora de cair na real. Uma pitada de arrependimento por ter feito questionamentos ingênuos para nós mesmos.
Então recomeçamos a procura por alguém. “A pessoa é demais para mim?” – mais uma pergunta tola. São os outros quem têm que nos merecer. E a história se repete, o que muda é o amante.
Dei-me conta de que a noite já surgira. Voltei para o meu quarto e dei um sorriso bobo. Vi um pedaço de papel sobre a escrivaninha, peguei uma caneta e escrevi: “Nunca entenderei esse tal amor”. Desliguei a luz, fechei a porta e saí para ver o que a noite me reservava.

Ipê visto da janela do meu quarto

Das gavetas para o ciberespaço!

Tão estranha essa sensação de criar um blog. "Oh meu Deus! Será que alguém vai ler?". Estranho esse frio na barriga. É uma coisa tão pessoal, quase ninguém lê meus textos de gaveta. Até que por esses dias minha amiga Larissa leu um texto antigo que eu fiz e insistiu bastante para que eu fizesse um blog. Segundo ela, eu "preciso compartilhar meus escritos com a humanidade". Tudo bem né, é bom receber elogios de uma ótima escritora de gaveta.
Queria ter um layout mais legal, mas o que importa é o conteúdo.
Sejam bem-vindos ao meu blog. Tentarei postar semanalmente, isso se minha criatividade não me limitar. Espero que gostem.